segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Fluminense x Botafogo, analisamos o passo a passo do pênalti polêmico

O clássico entre Botafogo e Fluminense disputado neste domingo, 29 de janeiro, terminou com vitória do time da estrela solitária.

O gol de Victor Sá foi o único da partida, e acabou selando o placar final em favor do Botafogo.

Mas a polêmica maior desta partida ficou por conta de uma penalidade apitada em favor do Fluminense.

Ganso achou Keno na área que foi puxado por Rafael, quando sairia na cara do gol. O árbitro Bruno Mota Correia assinalou a penalidade.

A partir daí, o que se viu no Maracanã foi o suficiente para gerar toda a polêmica: com Ganso, Arias e Cano em campo, quem partiu para a cobrança defendida pelo arqueiro do Botafogo foi o lateral Calegari.

Após o jogo, a explicação foi de que os jogadores decidiram em campo quem cobraria o pênalti, contrariando orientação do técnico Fernando Diniz.

O nosso Blog foi atrás, e coletou uma sequência de imagens para tentar entender o que houve de fato no Maracanã.

Veja abaixo:
Keno invade a área, recebe de Ganso e é agarrado por Rafael. Pênalti em favor do Fluminense. Note que Ganso chama Arias próximo a meia-lua.
A próxima imagem, mostra Ganso conversando com Calegari, após falar com Martinelli. Mais próximo a área outros jogadores comemoram a marcação da falta.
Ganso chama então os outros jogadores. Cano parece não notar e aparece de cabeça baixa na entrada da área.
Ganso conversa com Calegari, Keno, Arias. Martinelli parece tentar chamar Cano.
Cano não vai até o grupo, pois parece estar observando a discussão do juiz com os jogadores do Botafogo. Martinelli parece estar falando algo com o jogador camisa 7 do Botafogo, mas pode estar na verdade olhando para a direção do banco do Fluminense.
Martinelli então vai se juntar ao grupo de jogadores em torno de Ganso. Cano segue afastado e de cabeça baixa.
Neste momento, a TV muda para a imagem do juiz, e quando volta, mostra Martinelli se afastando aparentemente contrariado, enquanto Ganso parece tentar argumentar com Arias.
Ganso continua conversando com Calegari, enquanto Keno e Arias se afastam. Cano permanece afastado na entrada da área, em atitude de submissão. Arias segue de cabeça baixa e parece não concordar com alguma coisa.
A próxima imagem mostra Cano falando algo com Arias, que ainda parece em postura de discordância.
Neste momento, a TV mostra o replay da falta que originou o pênalti, e quando volta, vemos Samuel Xavier com a bola nas mãos, discutindo com jogadores do Botafogo e com o juiz. Desde a marcação da falta, o goleiro do Botafogo permanece em silêncio com mas mãos na cintura com olhar sério.
Após mais um replay, a imagem volta ao campo e já vemos Calegari em posse da bola.
Calegari olha na direção de Ganso, enquanto o juiz retira os jogadores da área.



A próxima sequência de imagens mostra Arias indo em direção ao banco de reservas, visivelmente contrariado. Ele faz sinal com a mão na direção da boca, como se dissesse que não falaria mais nada.

As próximas duas imagens mostram que enquanto o juiz retira os jogadores do Botafogo da área, Keno parece conversar algo com Ganso.
Calegari vai para a marca da penal, aparentemente concentrado.
Antes de colocar a bola na marca, Calegari volta mais uma vez para a direção da entrada da área, olhando para Ganso, enquanto Samuel Xavier e jogadores do Botafogo ainda discutem com o juiz.
Depois, ele se volta para o gol novamente.
Enquanto Samuel Xavier continua sua reclamação, Calegari mais uma vez olha para Ganso.




Antes de colocar bola no chão, Calegari olha para Samuel Xavier e o juiz. E volta a olhar na direção de Ganso. Depois abaixa um pouco o olhar, como se a decisão tomada fosse irrevogável. Ele coloca a bola no chão, e enxuga o rosto com a camiseta. Não dá para perceber se é por nervosismo.



Após colocar a bola na marca, Calegari ouve a última instrução do juiz, e toma distância para a cobrança. Ele olha para o goleiro do Botafogo e faz um sinal de deboche com a língua e um sorriso. O goleiro permanece sério, em silêncio, olhando fixamente para o rosto de Calegari.



Enquanto Calegari espera o apito do juiz, Ganso aparece caminhando de cabeça baixa. Calegari corre, bate e o goleiro Lucas Perri defende.


CONCLUSÃO
É muito difícil ter uma certeza absoluta sobre o que aconteceu, apenas se baseando nas imagens, sem ter acesso ao que foi conversado pelos jogadores. Mas analisando apenas esta sequência de imagens, o que pode ter ocorrido é uma claríssima tomada de decisão dos jogadores em campo à revelia da decisão do treinador.
As imagens mostram que possivelmente Ganso convenceu os jogadores a deixarem a cobrança para Calegari, e que ao menos Arias, aparentemente não concordou e se mostrou muito contrariado.

O que essa atitude vai provocar dentro do Fluminense, é um problema que Fernando Diniz terá de resolver. O treinador tem fama de briguento por onde passa, e aparentemente cobra demasiadamente dos jogadores, mas neste caso (se confirmada esta versão), o treinador não teve sua ordem atendida. Diniz precisará retomar o controle técnico dos jogadores.

A torcida é para que ele e Ganso não se tornem antagonistas, pois deles depende o sucesso do Fluminense nas competições deste ano, principalmente a Libertadores da América.

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Apresentador do SBT enfarta diante das câmeras e morre

 

Flávio Cavalcanti foi jornalista, repórter, apresentador de rádio e televisão e compositor.

Um dos mais polêmicos comunicadores brasileiros, que durante muito tempo brilhou no comando de programas de rádio e TV nas décadas de 960 e 1970.

Seu primeiro programa de rádio foi Discos Impossíveis na Rádio Tupi, que 1952 passou a ser transmitido pela Rádio Mayrink Veiga. Ainda na Rádio Mayrink, Flávio também realizou o programa Nós os Gatos, em 1955, ao lado de Jacinto de Thormes.

Já em 1957, Flávio estrou na TV com o programa Um instante, Maestro!, na TV Tupi. E logo foi para o programa Noite de Gala na TV Rio.

Em 1965, foi para a TV Excelsior, onde voltou com seu programa Um instante, Maestro!. E no ano seguinte de volta a Tupi, lançou ainda mais dois programas na emissora: A Grande Chance e Sua Majestade é a Lei.

Em 1970, finalmente estreou o Programa Flávio Cavalcanti, na Rede Tupi, indo ao ar aos domingos. Foi um dos primeiros programas a ser transmitido para todo o país.

Flávio tinha um estilo polêmico e fez história na TV brasileira. Ele criticava artistas e músicas, e chegava a quebrar ao vivo, discos de cantores que considerasse ruins.

Foi ele um dos responsáveis por criar o primeiro júri de calouros na televisão brasileira. Muitos artistas de sucesso, começaram com Flávio Cavalcanti.

Em 1973, seu programa na Rede Tupi foi suspenso por 60 dias pela Censura Federal. E após problemas financeiros da Tupi, se transfere para a TVS em 1976, mais uma vez com seu Um instante, Maestro!. E em 1978, volta a Tupi com o Programa Flávio Cavalcanti, e permaneceu por lá até o fechamento da emissora em 1980.

Em 1982, na Rede Bandeirantes apresentou o programa Boa Noite, Brasil. E entre 1983 e 1986, já no SBT, reeditou o Programa Flávio Cavalcanti.

Flávio Cavalcanti era casado com Belinha Cavalcanti desde 1948 e com ela teve três filhos.

A MORTE

Em 1983, no SBT, comandando o Programa Flávio Cavalcanti, com grande audiência, quebrando discos de artistas que não gostava, pautando temas polêmicos e recebendo os mais variados convidados, Flávio jamais poderia prever o que estava para acontecer.

No dia 22 de maio de 1986, enquanto apresentava seu programa na emissora de Sílvio Santos, ele levantou o dedo indicador direito, como de costume e disse:

- Nossos comerciais, por favor.

Após o intervalo comercial, Wagner Montes surpreendeu o público substituindo Flávio Cavalcanti que havia passado mal.

- Vocês devem estar estranhando eu apresentando o programa. Desculpem, mas eu também fui pego de improviso. Mas o Flávio teve uma pequena indisposição e , se Deus quiser, na próxima quinta-feira, ele estará aqui, porque aqui é o seu lugar, para comandar o Programa Flávio Cavalcanti.

Foram as palavras de Wagner Montes para explicar ao público sua presença ali.

Flávio havia sofrido um enfarto. O apresentador permaneceu internado até o dia 26 de maio, quando morreu aos 64 anos de idade.

domingo, 8 de janeiro de 2023

Pelé, por Nelson Rodrigues

 


Meu personagem da semana (crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé em 1958)

texto foi publicado originalmente na revista Manchete Esportiva


29 de dezembro de 2022 | 16h41

Depois do jogo América x Santos, seria um crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: 17 anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de 40, custo a crer que alguém possa ter 17 anos, jamais. Pois bem: verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. (...)

O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento.

E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: “Quem é o maior meia do mundo?” Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: “Eu”. Insistiram: “Qual é o maior ponta do mundo?” E Pelé: “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.

Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”.

De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra.

Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.(...)

Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas de pau.=

Por que perdemos, na Suíça, para a Hungria? Examinem a fotografia de um e outro time entrando em campo. Enquanto os húngaros erguem o rosto, olham duro, empinam o peito, nós baixamos a cabeça e quase babamos de humildade. Esse flagrante, por si só, antecipa e elucida a derrota. Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros é que tremerão diante de nós.


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Estadão