domingo, 11 de dezembro de 2022

Ainda Sobre Futebol, Apedrejamentos e Reflexão

 

Nesta manhã de domingo triste - meu amigo Caninha se foi -, parei para ler perfis diversos, admiráveis e desconhecidos, todos teorizando sobre a Copa do Mundo. Especialmente os que tentaram fazer um mergulho, digamos, mais intelectualizado sobre o tema. 


Para meu gosto e análise pessoal, entre desabafos e decepções naturais, também li um festival de besteiras sobre o assunto. Besteiras colossais, aliás. 


O futebol não é apaixonante apenas no Brasil, mas no mundo todo. A Copa do Mundo para a Terra. É um fato. E quem nutre paixão pelo esporte mais popular do planeta não é "alienado" nem vive de "ilusão" por conta dos sentimentos que desenvolveu. Muitas vezes o futebol é bálsamo para aliviar as pancadas diárias na sofrida vida brasileira.


Para quem viveu o Maracanã de verdade até 2010 e vive o esporte, explicar essa paixão no Brasil não é simples. Há uma enorme complexidade em torno do tema, que teorias acadêmicas distantes não dão conta de cobrir. O que dá para dizer é que foi uma febre nos primeiros 25 anos do século XX que nunca mais passou.


Portanto, falarei aqui como o que sou: um torcedor. É apenas o meu relato pessoal e só. 


Embora sempre tenha pertencido à maioria pobre da população brasileira, tive uma criação digna, passando por boas escolas, tendo como estudar. Passei muitas dificuldades, mas caminhei até à universidade pública, bem ao lado do Maracanã, para minha alegria 


Durante boa parte da minha vida, 25 anos, vivi no bairro mais misturado do Brasil: Copacabana. Lá, vi e conheci de tudo, porque todas as classes sociais interagem de alguma forma, com a quase exceção de parte dos milionários da Avenida Atlântica. Havia interação na escola pública que frequentei, no grupo de escoteiros que fiz parte por muitos anos, mas o único lugar em que realmente sentia integração total era no futebol - de praia, da vila onde estudei, da quadra que alugávamos com trocados no Corpo de Bombeiros. 


Quando meu pai começou a me levar ao Maracanã, logo percebi que as pessoas não eram exatamente iguais às de Copacabana (e olhe que lá era tudo misturado). Havia uma mistura única. Várias vezes, ele comprava na bilheteria ingressos extras, três ou quatro, e distribuía para os garotos que pediram dinheiro para comprar um. Eles pulavam enlouquecidos, felizes, se abraçavam e subiam a grande rampa do Maracanã com suas roupas simples, às vezes sem chinelos e isso me emociona porque me leva a mais de quarenta anos atrás. 


Eram crianças alienadas ou crianças de posse e total vivência de sua única alegria? 


Os melhores momentos de minha vida com meu pai foram no Maracanã, sentado ao lado dele, espremido numa multidão. Cheio de pessoas diferentes, de todos os jeitos, de todas as cores, de todas as classes. Juntos, lamentamos grandes gols dos adversários e comemoramos muito os nossos. Vimos lindos espetáculos de bandeiras e muito, muito pó de arroz no ar. Não era só o jogo, mas chegar cedo, ver a multidão se aproximando, mais de cem mil pessoas pobres e ricas, pretas e brancas, gordas e magras, gays e heterossexuais, todas reunidas em torno do gramado para apreciar arte, num tempo em que tínhamos craques a granel. 


Vendo um filme arrebatador, ou uma peça espetacular de teatro, ou ainda um show no inesquecível Canecão, você chegava a quinhentas, mil ou duas mil pessoas reunidas. Por vários motivos, nestes palcos sagrados e fundamentais, não havia a devida mistura social da cidade do Rio. No Maracanã, sim, e com cinquenta ou setenta vezes mais gente. Dá para compreender a dimensão? Isso a cada domingo durante quase sessenta anos, desde 1950. 


Gostaria de lembrar que dois dos maiores atores brasileiros de todos os tempos eram completamente apaixonados por futebol: Sérgio Britto e Ítalo Rossi. Se fosse fazer uma lista de músicos, passaria o dia escrevendo, então rapidamente me lembro de João Nogueira, Cartola, João Gilberto e Ciro Monteiro, só para começar. 


No Maracanã a gente se sentia gente de verdade, integrada, mesmo que o próprio estádio tivesse sido construído com certos apartes - casos da geral e da arquibancada, por exemplo -, mas eles não deram certo. Ali se vivia o único local do Rio de Janeiro onde o riso, o grito e a lágrima do homem pobre tinham o mesmo tamanho do cidadão rico. O único local. Nem o Carnaval, outro palco espetacular, tinha tanta oferta a preços populares. 


Completamente louco por futebol, passei a ler todos os jornais possíveis em casa diariamente. Isso me levou às notícias políticas, de cotidiano, da cidade, de arte e cultura, isso com doze anos de idade. Foi o futebol que abriu espaço para meus outros interesses culturais, que não são poucos - vão de Estatística a botequins. E muitos anos depois de estar com meu pai de mãos dadas no Maracanã, foi o futebol que me abriu as portas para ser um escritor publicado, e consequentemente podendo publicar duas dezenas de livros sobre outros assuntos, no que sou eternamente grato. 


Monstros sagrados das letras como Eduardo Galeano, Nelson Rodrigues, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e tantos outros celebraram o futebol em suas obras. É impossível crer que o fizeram por alienação. 


Por outro lado, como em qualquer estrato da sociedade, o futebol carrega problemas em seu entorno e até mesmo nas vísceras. Há quem prefira abominá-lo por isso. Eu prefiro procurar nele o que tem de melhor e, na minúscula parte que me cabe, criticar e denunciar o que considero errado e injusto. 


O futebol me deu sensação de pertencimento a grupos, me trouxe amigos, me fez ir a veículos de rádio e TV ao vivo que eu jamais imaginaria. O futebol me permitiu passar horas conversando com personalidades como Gilberto Gil e Maria Bethânia. Conheci lugares, viajei e mergulhei tanto em estádios confortáveis como em verdadeiros muquifos para ver jogos com milhares de torcedores ou uns cinco, dez. 


Anos depois de publicar meus primeiros livros, passei a produzir obras de outros escritores, em vários casos de futebol. É alienação ou produção? 


Por fim, gostaria de dizer o seguinte: o Brasil não vai melhorar em nada porque a Seleção Brasileira é eliminada da Copa do Mundo e então o povo "retorna à realidade". Diferente de criticar a atuação, apedrejar o futebol não acrescenta nada ao grande debate que todos esperam para que o país saia desse lodaçal. Pelo contrário: o futebol é um dos grandes símbolos da identidade brasileira e deve ser valorizado. 


É certo que alguns jogadores famosos estão desalinhados da realidade brasileira e parecem despreocupados com seu povo. Só que eles passam e o esporte fica. Aí está há mais de 120 anos fincado no coração dos brasileiros. E é bom que se diga: mais de 90% dos jogadores de futebol no Brasil não ganham dois salários mínimos mensais. 


Tanto faz se é numa arena moderna ou num campinho minúsculo. O futebol une as pessoas, integra, gera convivências e afetos e, num país onde mais de 70 milhões de pessoas oscilam entre a precarização e a miséria, muitas vezes ele é o único momento de alegria - às vezes até de paz. Podem ter certeza: em muitas vezes, o caldo social brasileiro não entornou de vez porque lá estava o futebol ajudando a acalmar os ânimos, em muitas esferas. 


Em vez de posts empolados e com teorias confusas, muitos intelectuais contribuiriam para a discussão sobre futebol fazendo exatamente o que fazem com suas temáticas preferidas: pesquisando e estudando em vez de chutar - muito mal, por sinal.




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Paulo-Roberto Andel, escritor e estatístico carioca, é autor/coautor de aproximadamente 40 livros físicos e digitais sobre futebol, poesia, crônicas, humor e política. Edita o site Panorama Tricolor, o blog otraspalabras!, colabora com o Correio da Manhã e o Museu da Pelada. Sobre o Fluminense, seu time de coração, publicou 20 livros.

domingo, 23 de outubro de 2022

Iza se Declara Demissexual

 

Recém divorciada a cantora Iza fez uma declaração chocante sobre sua vida pessoal.

A cantora se declarou demissexual.

Nós aqui da Página, não fazemos a mínima ideia do que isso signifique, e nem tivemos tempo de pesquisar.

Apenas publicamos a notícia para gerar visualização na página.

Quem nunca precisou apelar para melhorar a monetização da página, que atire a primeira pedra.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

As Cinco Vias de São Tomás de Aquino

Os argumentos das cinco vias que demonstram a existência de Deus, os quais foram elaborados por Santo Tomás de Aquino, não tinham a intenção de provar que Deus existe, pois, segundo ele, isto é impossível, por ser tratar de um artigo de . Porém, é impossível demonstrar de modo a posteriori que Deus existe, ou seja, através das coisas empíricas e sensíveis, fazendo uma retomada à metafísica de Aristóteles, contudo, aplicando novos conceitos num sentido cristão. Vale ressaltar aqui, que Tomás não concordava com o argumento de Santo Anselmo, que ao contrário do Doutor Angélico, afirmava que podia-se provar a existência de Deus de modo a priori. Sendo assim, Tomás nos mostra que empiricamente é possível demonstrar que Deus existe.

1ª VIA
A primeira via que leva à demonstração da existência de Deus, baseia-se no movimento ou motor primário, ou seja, no mundo todas as coisas estão em constante movimento, transformação, isto é perceptivo a todos, sendo assim, há algo que move todas as coisas, não tem como alguma coisa mover-se por si mesma. Portanto, para Tomás há um ser movente que não é movido, mas que através dele se iniciou todo o movimento, e este ser movente, só pode ser Ato em relação a todos potenciais exitentes, assim sendo, este movimento em Ato primo é Deus.

2ª VIA
A segunda via é conhecida como a causa eficiente, isto é, no mundo todas as coisas são causadas por algo, por exemplo, um livro que está com uma página rasgada foi causado por um agente, não tem como o livro ser causa de si própria, se autodestruir. Sendo assim, se retrocedermos todas as causas ao infinito chegaremos há um ser que não é causado, de onde tudo se iniciou, que é causa eficiente de todas as coisas, e, esta causa primária é Deus.

3ª VIA
A terceira via é sustentada pelo argumento do necessário e do contingente. No mundo existem coisas contingentes, que podem ou não existir, ou seja, não é necessário que aconteça ou exista. Mas para que tais coisas contingentes existam, é necessário a existência de um Ser necessário, na qual tudo emana, que no caso não é contingente. Sendo assim, todas as coisas são contingentes, por exemplo: somos contingentes em relação aos nossos pais, poderíamos existir ou não, assim também, nossos pais são contingentes em relação aos nossos avós, e assim por diante, até chegar num ser que não é contingente, que não necessitou de ninguém para existir, e este único ser necessário é Deus.

4ª VIA
A quarta via é caracterizada pelo grau de perfeição nas coisas existentes, esta via é de índole platônica, pois, Tomás, argumenta que há uma hierarquia de perfeição nas coisas do mundo, sendo assim, nós, seres inferiores temos um referencial de perfeição em um ser que possui todos os atributos, virtudes e perfeições, na qual é Deus.

5ª VIA
Por fim, a quinta via é sustentada pelo argumento do fim último, ou seja, no mundo todas as coisas tem uma finalidade própria, sendo assim, há um ser que ordena todas as coisas, que governa, caso contrário, o mundo seria o caos, e este ser é Deus.

CONCLUSÃO:
Portanto as CINCO VIAS que levam à demonstração da existência de Deus não tem finalidade de provar a existência de Deus, nem mesmo dogmatizar tal argumento, pois, Tomás como grande teólogo e filósofo, elabora as cinco vias no campo filosófico com o objetivo de demonstrar racionalmente que Deus existe, sendo assim, não é um dogma da religião, porém, os argumentos das cinco vias podem ser convincentes até mesmo para um não crente, embora seja questionado por muitos filósofos atualmente.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Derrota de Bolsonaro pode unir SBT e Record

 

Uma possível derrota do atual presidente Jair Bolsonaro na eleição que será realizada em outubro, pode gerar uma parceria inédita na história da TV brasileira.

Caso Bolsonaro não seja reeleito, o SBT e a Rede Record estudam a possibilidade da realização de um Reality Show que contaria com a presença do ex-presidente.

A cúpula da TV que pertence ao Bispo Edir Macedo estaria em conversas adiantadas com Silvio Santos, negociando a criação do programa que seria uma mistura de A Fazenda com o extinto Casa dos Artistas. A atração seria exibida nos dois canais de maneira simultânea, com câmeras espalhadas por toda a casa.

Jair Bolsonaro, conhecido por suas declarações polêmicas, seria a principal figura do programa que pode ir ao ar a partir de Fevereiro de 2023, caso Bolsonaro não esteja mais no comando do país. Nas duas TVs, a expectativa é de otimismo em relação a realização do Reality, mesmo que isso signifique uma derrota do atual presidente na sua tentativa de reeleição.

Confidencialmente, os comandos dos dois canais já dão como certa a recondução do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva ao Planalto. Lula já presidiu o Brasil por dois mandatos.

Mesmo com todo o otimismo, existem ainda algumas questões a serem resolvidas pelas emissoras. Uma delas, é a preocupação com a rejeição de Bolsonaro.

Um diretor da Rede Record teria dito que geralmente as pessoas que passam mais tempo em casa, sem precisar trabalhar, pois recebem ajuda financeira do governo, são pessoas com simpatia a ideologias nocivas à família e aos bons costumes. E estas pessoas poderiam votar de forma maciça para a eliminação de Bolsonaro do Reality.

Uma solução para essa questão teria sido sugerida pelo apresentador Ratinho, do SBT. Ratinho teria dado a ideia da criação de três grupos dentro da casa, que teriam um líder. Esse líder não poderia ser eliminado no primeiro mês de programa. Neste caso, Bolsonaro já entraria na atração como um dos líderes. Ratinho ainda sugeriu que os grupos recebessem os nomes de Direita, Esquerda e Centrão.

Essa ideia garantiria que Bolsonaro ficaria ao menos trinta dias na telinha em pleno horário nobre.

Outro problema tem preocupado os idealizadores do programa: patrocínio.

Até agora apenas um anunciante aceitou patrocinar a atração, as Lojas Havan de propriedade do empresário Luciano Hang, amigo pessoal de Bolsonaro, também chamado de "Véio da Havan".

Sem outros anunciantes, as duas emissoras teriam de bancar financeiramente a atração. Para Silvio Santos isso não seria um grande problema, mas para os representantes do Bispo Edir Macedo, a falta de patrocínio impediria a realização do Reality. Edir Macedo não é conhecido por abrir a mão, pelo contrário, gosta de lucrar, e muito, com sua TV.

Nada ainda está totalmente confirmado, mas com as eleições cada vez mais próximas, a realização dessa parceria inédita entre Rede Record e SBT, pode estar cada vez mais perto de acontecer.

Vai depender apenas da decisão do eleitor.