quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha

Sempre que posso, procuro ler um bom livro.
E quando não posso leio os ruins mesmo.
Depois de um acalorado debate com alguns de meus amigos que também são amantes da literatura, sobre Dom Casmurro, onde alguns acusaram Capitu de ser leviana enquanto outros ( dentre eles, eu mesmo ) acreditavam ser Bentinho na verdade um maluco ao crer que ela o tivesse traído, a discussão mudou de rumo.
Quando menos nos demos conta estávamos debatendo se Dom Casmurro podia ou não ser considerado uma das maiores obras da literatura mundial de todos os tempos.
Deixo bem claro que na minha opinião, sim. E qualquer comentário contrário se deve unicamente ao velho preconceito dos próprios brasileiros quanto aos livros escritos por aqui. Ainda se vive sobre aquela lenda de que os estrangeiros são melhores.
Logo passamos a discutir então: qual foi a maior obra da história? Qual o livro marcou época, e que deveria ser lido por todas as pessoas do planeta?
Mesmo sendo eu cristão, prontamente excluí a Bíblia desta discussão, por não considerar que ela fosse uma obra humana. Portanto nenhum de nossos livros poderia ser comparado a um que foi escrito por DEUS.
E já digo que se você não é cristão e não acredita em DEUS, sua opinião em nada mudará nosso debate que já acabou, pois como pode ver neste momento, você está lendo o que eu postei dias depois.
Mas voltando ao assunto, várias obras foram surgindo, desde Harry Potter, o simpático aluno de magia, até ao detetive bigodudo Poirot de Agatha Christie.
Passamos pelos vampiros de Stephenie Meyer e os orcs e elfos de J. R. Tolkien.
Depois, foram surgindo outros títulos como Os Lusíadas de Camões, O Pequeno Príncipe ( Saint-Exupéry ), A Arte da Guerra ( Sun Tzu ), Guerra e Paz ( Tolstoi ).
Lembramos da temível baleia branca de Herman Melville ( Moby Dick ) e seu duelo mortal contra o capitão Ahab.
Viajamos no tempo com H. G. Wells em sua A Máquina do Tempo e O Homem Invisível.
Fizemos trabalhos forçados ao lado de Jean Valjean, por causa de um mísero pão roubado ( Os Miseráveis, Victor Hugo ).
Desmascaramos o Homem da Máscara de Ferro de Alexandre Dumas, e viajamos 20 Mil Léguas Submarinas com Júlio Verne.
Nos embriagamos em Shakespeare, pois este escreveu tantos que seria crueldade citar algum e correr o risco de ser injusto com outro. Que autor este inglesinho...
De tanto citar livros, lembrar personagens e se apaixonar por donzelas, feiticeiras, rainhas e bruxas, acabamos ficando meio loucos. Então chegamos a uma conclusão ( que não foi unanimidade, sejamos justos ).
O escolhido foi Dom Quixote de Miguel de Cervantes!
Este livro, nos faz viajar até um tempo antigo, onde a cavalaria andante era a moda da vez. Ao menos na imaginação deste nobre fidalgo da região da Mancha ( Espanha ).
Vale lembrar que de tanto ler, foi que ele acabou assim. Influenciado dentre outras obras pelo não menos maravilhoso Amadís de Gaula ( Garcí Rodriguez de Montalvo ), ele resolveu largar a fortuna e munido de uma lança, uma espada e uma armadura cavalheiresca, saiu pelo mundo montado em seu cavalo Rocinante.
Buscava renome para poder enfim conquistar o coração da formosa Dulcineia Del Toboso ( que sequer existia ).
Mas não existe cavaleiro sem um leal escudeiro, e Dom Quixote tinha Sancho Pança.
Mais que escudeiro, amigo de loucuras, e aventuras.
Moinhos que se tornavam gigantes, ilhas, cavaleiros enfeitiçados, donzelas em perigo, dragões, batalhas em alto mar, rufiões, príncipes, monges e feiticeiros, heróis e vilões...
Tudo isso, e ainda mais, tamanha a grandeza desta obra.
Não há como não rir das pedradas e pauladas que este pobre escudeiro levou ao lado de seu tão louco senhor, nas estradas da antiga Espanha.
Cervantes foi tão genial, que criou Dom Cide Hamete Benengeli, um mouro, que teria escrito sobre Dom Quixote e que ele apenas traduziu para a língua castelhana.
E até hoje investiga-se a existência desse tal Cide Hamete... Afinal, loucura é contagiante.
Mas a grande herança que Dom Quixote e Sancho Pança deixaram para as gerações futuras, é o poder da verdadeira amizade.
Uma lealdade incrível ( tirando as pauladas na cabeça dura de Sancho que Dom Quixote vez ou outra tem que desferir para convencer o amigo ), emociona qualquer um que chegar a ler este livro.
Sancho é tão leal, que ao mentir a seu senhor que Dulcineia está enfeitiçada, acaba cumprindo a pena de açoitar a si mesmo ( única forma de libertar a paixão de Dom Quixote do feitiço ), mesmo sabendo que não havia feitiço algum. Simplesmente o faz para salvar o amigo de uma morte certa pela desilusão e a loucura.
Confesso que as últimas páginas de Dom Quixote são de uma dor profunda, pois nosso herói vítima da idade e das desventuras sofridas, acaba morrendo em sua cama.
No fim ele reconhece a sua loucura, pede perdão a Sancho por convence-lo a compartilhar desta loucura, e cumpre a promessa de pagando todo o salário que antes lhe havia prometido.
Elegemos O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha como o maior livro de todos os tempos.
E deixo bem claro aqui, que tão logo termine esta postagem, vou reler mais uma vez o meu bom e velho Dom Quixote...

Jaz aqui um fidalgo tão forte
Que a extremos chegou
Tão valente, que a morte
Da vida não triunfou
Ele o mundo percorreu
E se dizem que foi louco
Com bom juízo morreu.

( TRECHO DE DOM QUIXOTE )

Nenhum comentário:

Postar um comentário