quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Os Trapalhões


Quem viveu entre os anos 1975 e 1995, no Brasil, dificilmente se esquece de "Os Trapalhões".

O programa de humor foi ao ar, pela primeira vez, na TV Tupi em 1975, mas cerca de dois anos depois estreou na Rede Globo, onde ficou até ser encerrado. A atração era liderada por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, que protagonizavam esquetes de situações cotidianas recheadas de um humor pastelão que agradava às crianças e de tiradas ácidas que alcançavam os adultos.

O quarteto também foi um fenômeno nos cinemas brasileiros, tendo alguns de seus filmes atingido a marca de mais rentáveis de todos os tempos.

Eu associo Os Trapalhões com Os Beatles, era o quarteto com o encaixe perfeito no mais perfeito sincronismo artístico possível. Teve o auge mas também houve o declínio, principalmente a partir do primeiro falecimento trapalhão. Talvez tenha alcançado o ápice midiático pleno em sua época por dominar com louvor todas as plataformas disponíveis, principalmente no cinema e televisão, conquistou um público fiel e potencial consumidor da sua marca. Isso eles atingiram num período onde não existia o embrião do algoritmo da internet, e mesmo assim atingiu indicadores recordes de números insuperáveis nos dias de hoje. 

Renato Aragão foi a mente pensante dono da marca, o cara que colocava o capital investidor com os empreendimentos artísticos; então se colocava no direito de ser o protagonista célebre dos projetos, e isso é evidente no cinema e TV com as principais cenas e roteiros sendo direcionados para ele. Para existir "Os Trapalhões" em prática tinha que existir Renato Aragão porque era ele quem botava a cara a tapa na questão fator risco, porque todo e qualquer investimento há o risco. Poderia ter sido mais generoso com trio DEMUZA? Sim! Mas ele teve seus motivos para isso. Por tudo que contribuiu ao cinema nacional poderia ser melhor reverenciado, mas preferiu seguir o caminho da ocultação do Tik Tok, escolha são escolhas.

Dedé Santana veio da escola do circo e na engrenagem do quarteto soube com maestria aplicar a arte de ser o escada das piadas. Eu faço a analogia daquele brilhante meio-campo ofensivo que arma a jogada para o excelente passe ao atacante fazer o gol; esse é o artista Manfried Santana. Um grande ator que fez uma bela dupla com Renato Aragão e soube dirigir com maestria alguns filmes do quarteto.

Antonio Carlos Bernardes Gomes nasceu no morro da Cachoeirinha mas fincou raízes no morro da Mangueira, sua "terra natázis". Seu ofício artístico oficial foi na arte do samba como Carlinhos do Reco-Reco no famoso grupo "Os Originais do Samba" mas com sua vêia artística o fez ser batizado de Mussum por nada mais nada menos que Grande Otelo numa cena em plena Escolinha do Professor Raimundo, o que depois chamou a atenção de Dedé Santana que o convidou-intimou para integrar os Trapalhões. No começo relutou em largar o samba como seu ofício principal, mas chegou um momento da vida que o humorismo falou mais alto e bancou financeiramente a sua vida. Mesmo assim nunca largou o samba e a Estação Primeira de Mangueira, era um grande incentivador da educação e um dos co-fundadores do projeto Mangueira do Amanhã. Anos depois de sua morte se tornou uma marca cult para o grande público.

Mauro Gonçalves, o Zacarias; era o ator do quarteto, no bom sentido da palavra. Fez bons projetos antes da fama eterna mas só atingiu a fama nacional quando abraçou o papel de Zacarias. Caiu nas graças do grande público e principalmente das crianças, o que acabou agregando ao seu perfil discreto perante a mídia, e de fato ele era o mais recluso mas o seu carisma fazia com que todos o amassem, tanto é que a sua morte repentina em 1990 fez com que abalasse as estruturas e Os Trapalhões nunca mais foi o mesmo depois de sua passagem. Um brilhante artista que só é lembrado por quem de fato acompanhou essa época.

TEXTO DE:
Thiago Muniz

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