Deu Liga

Rafa, Rosanne, Thaíde e Débora

 Junte um comediante stand-up, uma ex-apresentadora de "Globo Esporte", um rapper, e uma atriz de novela. O que isso vai dar?
Simplesmente o melhor programa jornalístico da TV brasileira na atualidade. Trata-se de "A Liga", programa da Rede Bandeirantes de Televisão.
Indo contra a tendência de exibir os reality shows, que até então vinham tomando conta da programação brasileira, ou reapresentando novelas antigas, a Band ( como é conhecido o canal ), passou a apresentar programas jornalísticos que costumam misturar outros formatos. O "CQC" por exemplo é um jornal no estilo programa de auditório, já o "Polícia 24h" é um documentário no estilo reality show.
Nessa mesma linha de pensamento, a Band recriou uma espécie de "Globo Repórter", que tem no comando quatro personalidades diferentes. O programa busca mostrar de 4 pontos de vista diferentes a mesma notícia, o que acaba fazendo com que o telespectador acabe se identificando com um dos apresentadores.
Rafael Bastos, que também faz parte do elenco do "CQC", empresta seu humor, seu sarcasmo, e até uma dose de seriedade as reportagens. Por ter se tornado conhecido pelo seu lado comediante, deixa os "protagonistas" da vida real mais à vontade. Ele consegue cativar desde crianças inocentes até aqueles "tiozinhos" mais desconfiados da terceira idade.
Thaíde seria o representante da "periferia", tendo um ponto de vista mais desiludido com as chances de ascensão social. Mas Thaíde não se resume a isso, pois mostra que tem experiência ao se deparar com situações inusitadas, e não se resume a reclamar das faltas de oportunidade. Trouxe a experiência que acumulou com seu tempo de "MTV" e "TV Cultura".
Rosanne Mulholland nasceu em berço de ouro. Seria a visão "patricinha" do programa, mas a loira que já esteve em séries globais, novelas e já atuou no cinema nacional, deixa o estereótipo de lado e arrisca fazer de tudo. Inclusive descer para o interior de uma fossa para "viver" a profissão de quem trabalha com desentupimento dessas coisinhas tão repugnantes.
E por fim, a morena Débora Villalba. Ex-modelo, que já apresentou o "Globo Esporte", e já passou pela "TV Record" e o canal "Sportv". Não há como não perder a linha de raciocínio admirando a beleza de Débora, mas a apresentadora não é só beleza. Abusando da simplicidade, ela consegue agir de forma natural até mesmo ao lado de pessoas realmente humildes e das classes sociais menos favorecidas.
O programa ainda contou com a participação de  Tainá Müller, atriz que está no elenco de "Tropa de Elite 2", mesmo que apenas em alguns programas.
Somando todas essas personalidades tão diferentes, e assuntos polêmicos e até chocantes, o programa acabou conquistando as noites de terça-feira. Na estreia em 4 de maio, o programa dobrou a média de pontos de Ibope do canal. E constantemente o programa tem alcançado até 10 pontos de audiência.
Alguns podem considerar essa marca muito baixa, mas em um país acostumado a ficar na frente da TV apenas para acompanhar as novelas globais desde a transmissão de "O Ébrio" em 1965, a audiência de "A Liga" mostra uma nova tendência que vai nascendo entre os telespectadores brasileiros.
O brasileiro mostrou que se emociona e sensibiliza com facilidade, quando o assunto em questão é abordado de forma séria e competente, e não com sensacionalismo barato.

 Agora, basta torcer para que a Band não acabe tirando da grade de programação esse tele-reality-jornal, e que os apresentadores não acabem migrando para outros programas.
Pois essa fórmula criada por eles "deu liga".